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Por mais chocante que pareça, o padeiro tailandês Kittiwat Un-arrom jura que os produtos que cria na loja Eat Bakery, em Ratchaburi, com requinte artesanal não são um apelo mórbido. A admiração pelo corpo humano, explica, descobriu quando assistiu à morte do pai. Já a idéia de unir o trabalho à uma pouco convencional forma de expressão foi desenvolvida durante o curso de arte na Universidade de Chulalongkorn. A proposta, justifica o jovem de 28 anos, seria "a de traduzir a mortalidade com a dor a ela associada". Para que isso fosse possível, argumenta, seria imprescindível o máximo de realismo.

As fotos deixam claro que Kittiwat conseguiu. "O pão diz tudo", define o padeiro, que tornou-se conhecido no país no ano passado depois de se apresentar em uma mostra contemporânea. O torso que assou especialmente para a ocasião custou-lhe três meses de visitas diárias ao hospital da cidade. Há três semanas, Kittiwat passou a vender seus "produtos" na loja, com enorme sucesso. Só no dia de Haloween foram 100 pães especiais encomendados por uma grande cadeia de departamentos de Bangkok.

Além da massa tradicional, alguns ingredientes especiais ajudam a dar a aparência "ideal": a geléia de morango com corantes reforça a textura cadavérica. Já o chocolate é perfeito como sangue coagulado. "As pessoas são muito preocupadas com a aparência. Quis mostrar que alguma coisa muito esquisita assim pode ser também deliciosa e nutritiva", explica.